quarta-feira, 26 de junho de 2013

Gruta do Maquiné - Cordisburgo/ MG


A Gruta do Maquiné foi descoberta em 1825 pelo fazendeiro Joaquim Maria Maquiné, na época proprietário das terras. Foi explorada cientificamente em 1834 pelo naturalista dinamarquês Dr. Peter Wilhelm Lund que, em seguida, mostrou ao mundo as belezas naturais de raro primor. Foi na Lapa Nova de Maquiné que Peter Lund descobriu pela primeira vez ossadas fósseis onde destacam-se o Similodon Populator (tigre-dente-de-sabre) e o Nortrotherium Magnuinense (preguiça gigante).
A exploração pioneira da gruta deu-se, provavelmente, pela atuação de fazendeiros e moradores da região, que penetravam nas grutas para a extração do salitre, matéria prima necessária para o fabrico de pólvora.

Sobre Peter Lund
O cientista dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801à1880) é considerado o pai da paleontologia brasileira, o ramo da ciência que estuda as formas de vida existentes em períodos geológicos passados, a partir dos seus fósseis. De acordo com a revista Ciência Hoje, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em artigo de Raquel Aguiar, o pesquisador descobriu mais de 12 mil peças fósseis em cavernas da região de Lagoa Santa (MG), que permitiram escrever a história do período pleistocênico brasileiro, o mais recente na escala geológica.
Entre as descobertas de Lund, figura o denominado Homem de Lagoa Santa, que revelou a presença humana no local há mais de 10 mil anos. Contam-se também exemplares do tigre-dente-de-sabre, da preguiça gigante e do tatu gigante, entre outras espécies. Lund também é reconhecido como o pai da espeleogia no Brasil, o estudo da formação de grutas e cavernas. Explorou mais de 800 delas, algumas das quais foi o primeiro a localizar e a entrar. No campo da arqueologia, relatou a descoberta de importantes pinturas rupestres (feitas na rocha) e instrumentos de pedra.
Nascido em Copenhague, Lund era filho de ricos comerciantes de lã. Bacharel em Letras, aos 17 anos começou a cursar medicina, interesse que logo se expandiu para a zoologia e a botânica. Em 1825, veio para o Brasil e se fixou numa aldeia de pescadores do litoral fluminense, estudando o comportamento das formigas e os ovos dos moluscos. Depois de mostrar suas descobertas na Europa, ele retornou ao Brasil, em 1833, em companhia do colega L. Ridel, desta vez para ficar. Consta que se mudou para o Brasil fugindo do clima nórdico, temeroso da tuberculose que vitimara dois irmãos.
No ano seguinte, numa excursão botânica a Minas Gerais, Lund e Riedel tomaram conhecimento, casualmente, da existência de grandes ossos em cavernas calcárias da região de Lagoa Santa. A revelação coube ao conterrâneo Peter Claussen, que explorava salitre na área. Os moradores locais atribuíam os ossos a homens pré-históricos gigantescos. Em 1835, Lund visitou as grutas Lapa Vermelha e Lapa Nova de Maquiné.
"Nunca meus olhos viram nada de mais belo e magnífico nos domínios da natureza e da arte", resumiu o cientista. Ele se referia aos efeitos cênicos provocados pelas estalactites e estalagmites. "Todos estes deslumbrantes primores da natureza são realçados pelos mais delicados ornatos tanto de formas fantásticas quanto de bom gosto, franjas, grinaldas e uma infinidade de outros enfeites", Lund escreveu.
Das suas escavações ao longo dos anos, puderam ser identificadas diversas espécies de animais. A seguir, entre parênteses, os nomes científicos de alguns deles: cavalos (Equus amerhippus neogeus e Hippidion principale); uma série de preguiças terrícolas gigantes (Catonyx cuvieri, Eremotherium laurillardi e Nothrotherium maquinense); carnívoros como o tigre-dentes-de-sabre (Smilodon populator) e o cachorro das cavernas (Protocyon troglodites); capivara gigante (Neochoerus sulcidens); o tatu gigante (Pampatherium humboldti) e o macaco (Protopithecus brasiliensis), além do homem fóssil sul-americano.
Em 1843, Lund descobriu ossos humanos de cerca de 30 indivíduos, misturados a fósseis de animais. Do ponto de vista antropomórfico (referente à forma humana), os fósseis descobertos eram bastante distantes dos indígenas americanos e próximos dos negróides. Suas características físicas eram homogêneas, o que indica seu isolamento genético (aqueles indivíduos não teriam se misturado com outros grupos). Essa identidade configurou o perfil daquele que ficou conhecido como o Homem de Lagoa Santa. As ossadas mais antigas foram datadas entre 11 mil e 8.000 anos.

Sobre as câmaras (ou salões)

 1ª CÂMARA: é chamada de “Vestíbulo” totalmente iluminada pela luz exterior que
penetra por uma larga abertura. Possui 88 pés de comprimento e 66 de largura.
Elevam-se do solo diversas massas colossais de estalagmites, uma das quais se acha
próxima da entrada. As mais afastadas reúnem-se num grupo que sobe até a
abóbada e, se confundindo, formam a parede do fundo onde existem dois grandes
blocos de quartzo destacados de uma enorme camada do mesmo mineral, que se vê
no calcário, justamente acima.
 2ª CÂMARA: é denominada “sala das colunas”. Tem 122 pés de comprimento por 74
de largura. À esquerda, perto da entrada, destacam-se massas enormes de
estalagmites que se erguem até a abóbada e ligam à parede que separa esta câmara
da precedente. Outras massas, indo quase de uma parede a outra se elevam diante
das primeiras, deixando apenas uma pequena descida. A camada de estalagmites aí
existentes foi perfurada em diversos lugares para extrair a terra salitrosa. Ela
contém, aqui e ali, considerável quantidade de pequenas ossadas e de dentes.
 3ª CÂMARA: é chamada de “altar ou trono” tem 220 pés de comprimento, 116 de
largura e 50 pés de altura. Perto da entrada acha-se ornada da tapeçaria gigantesca
de uma estalactite branca de brilho e de beleza extraordinários. Um grupo de
estalactites que separa esta câmara da precedente envia um ramo de cada lado e os
dois formam entre si um grande nicho disposto em anfiteatro em cuja entrada vê-se
uma figura de 25 pés de altura, representando um urso sobre o pedestal.
 4ª CÂMARA: tem denominação de “carneiro”, tem 60 pés de comprimento, 66 de
largura e 36 de altitude. Distingue-se das precedentes por apresentar o solo em
grande parte coberto de montões de gesso em pó. Destaca-se ainda nesta sala, além
da figura de um carneiro, a figura imponente de um cogumelo atômico.
 5ª CÂMARA: denominada, “salão das piscinas”. Tem 78 pés de comprimento, igual
largura e 60 pés de altura, formando a parte mais profunda da gruta. O visitante se
deslumbra com suas elegantes formas e com a soberba ornamentação de suas
paredes. No centro existe uma grande bacia de 05 (cinco) pés de profundidade, cujas
paredes estão revestidas de rosetas ou delicados cristais de espato calcário. Grandes
massas de estalagmites ornam as bordas opostas da bacia e assemelham-se a
antigas estátuas e concorrem com as paredes artisticamente enfeitadas de
estalactites, dando a esta sala notável semelhança com um banho antigo, excedendoo porém, nas belezas dos brilhantes cristais que luzem em seus muros.  6ª CÂMARA: denominada “salão das fadas”, tem 108 pés de comprimento e 50 pés
de altura. Aí foram encontradas grandes ossadas de animais, inclusive o resto de um
megatério (preguiça atual). Segundo Dr. Lund nenhuma outra caverna produzira
combinações tão admiravelmente belas como as que se encontram nesta parte da
gruta. No fundo há uma passagem para outro comprimento, onde parece terem
reunido todos os esplendores que a formação das estalactites pode produzir. Aqui,
um belo templo surpreende nossa vista; ali, levanta-se um altar, mais longe se ergue
uma colossal coluna de delicado gosto; além, vê-se uma cascata cujo límpido veio se
condensar em brilhante alabastro. Deslumbrantes primores da natureza são realçados
pelos mais delicados ornatos de formas tão fantásticas, quando de bom gosto:
franjas, grinaldas, frisos e uma infinidade de outros enfeites se apresentam. Toda a
câmara e todas as figuras nela existentes estão cobertas de uma crosta de cristais
delicados de carbonato de cálcio, ora do mais puro branco, ora diversamente
coloridos, realçados por um investimento brilhante. Os esplêndidos reflexos
produzidos pela luz ferindo as inúmeras facetas deste cristal deslumbram a vista de
modo que o homem se julga transportado a um palácio de fadas.
 A mais rica imaginação poética não saberia criar tão esplêndida morada para seres
maravilhosos; diante desta notável gruta ela seria forçada a confessar a sua
impotência. Os companheiros de Dr. Lund permaneceram muito tempo mudos à
entrada deste templo e, involuntariamente, exclamaram: “Milagre! Deus é grande!”
Dr. Lund disse: “nunca meus olhos viram nada de mais belo e magnífico nos domínios
da natureza e da arte.”
 7ª CÂMARA: é dividida em duas partes:
7ª(A) – denominada “salão Dr. Lund” tem 138 pés de comprimento, 72 de largura e
50 pés de altura. Ela desce sempre, formando bacias consideráveis. Esta sala é a
mais importante pela quantidade de ossadas que possui. Há no meio da câmara uma
cobertura de 02 (dois) pés de largura por 15 (quinze) pés de profundidade, por onde
escoa todo o excesso de água da gruta.
7ª(B) – denominada “salão do cemitério”. É a maior de toda a gruta. Mede 534 pés
de comprimento por 184 pés de largura. É revestida de uma camada quebradiça de
estalagmites de gesso em pó que cobre o solo, a qual por fim se amontoa até a
abóbada. Grande cópia de enormes fragmentos amontoa de calcário se acha
espalhada na maior desordem com aspectos de mausoléus, o que justifica o nome do
cemitério. A formação de estalagmites continua ainda todos os dia nesta caverna, da
seguinte maneira: a gota que cai deve Ter o tempo necessário para evaporar-se em
parte, de modo tal, que a parte de cal possa cristalizar-se antes da queda da nova
gota.

Os principais espeleotemas são as estalactites (encontradas no teto), estalagmites (encontradas no piso), colunas (quando as estalactites unem-se com as estalagmites), cortinas, escorrimento, represas de travertinos etc. Essas formações podem demorar milhares de anos para se formar, por isso a importância de preservá-las.

A formação rochosa é composta, basicamente, por carbonato de cálcio,
sílica, gesso, quartzo e ferro.
A Gruta do Maquiné foi formada pela atuação das águas sobre a rocha calcária. O calcário é uma rocha sedimentar que, através da ação milenar das águas, forma vazios subterrâneos conhecidos como grutas, lapas ou cavernas .
Nesses vazios, ocorre a formação de depósitos minerais, especialmente a calcita, que é um carbonato de cálcio. A calcita é geralmente branca ou transparente, tomando tonalidades e cores distintas pelas impurezas e presença de outros minerais .

Algumas fotos do nosso trabalho de campo realizado na Gruta do Maquiné












REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS




Nenhum comentário:

Postar um comentário